Artigo – 16. Contracontrole

Artigo – 16. Contracontrole

Aprendendo a Fugir de Controles Ruins: O Contracontrole

Quem nunca pensou em mandar o chefe caçar uns coquinhos na esquina, quem nunca quis mandar a professora severa para fora da sala? Lembra quando sua mãe mandou vou ir lavar louça, no frio, e exigiu que fosse naquele momento?

 

Tudo o que está citado acima diz respeito a alguns mandos que nos deixam sobre controle da necessidade de realizar as devidas tarefas, mesmo que essas nos tragam um certo desconforto.

Todos os nossos comportamentos se mantém, pois estamos sob CONTROLE de alguma consequência. Isso faz com que pensemos diferente do que ouvimos no senso comum que as coisas acontecem ao acaso, essa forma de pensar é de fato uma forma errônea de entender as funções do que fazemos. Os comportamentos que temos diz respeito a forma que aprendemos a nos comportar, isso é tão forte que nos faz diferente um dos outros, pois nossas experiências e o que aprendemos é diferente e certamente forma nossa personalidade, que acredito piamente que é mutável, pois a ciência me prova que existe sucesso nas alterações de comportamento, então sempre temos a chance de aprender mais e mais.

Para que fique mais claro preciso explicar o que é o CONTROLE, pois, até o termino desse texto pretendo que vocês aprendam mais uma coisa em sua vida, que também podemos chamar de repertório comportamental, que é a de escapar desse controle todo sem se prejudicar ou de pelo menos amenizar o sofrimento que ele nos traz. Em algumas coisas que nos acontecem infelizmente não temos muito controle, porém boa parte dela podemos, pelo menos, melhorá-las. Vejamos juntos!

Durante os estudos da análise do comportamento foi descoberto que nossos comportamentos são mantidos por alguma consequência reforçadora (boa), por exemplo, alguém pode trabalhar para ter o salário no final do mês e que mesmo que a chefe fique em cima, enchendo sua paciência, você vai continuar lá , porquê o que te mantém lá é o salário no final do mês, esse tipo de controle é mantido pelo o que chamamos de estímulo reforçador. Dessa maneira o estímulo que reforça e mantém a pessoa trabalhando e aguentando a chefe é o dinheiro.  Vou deixar mais claro para vocês, funciona assim:

Estímulo Meu Comportamento Consequência
Meu ambiente trabalho com um chefe “chato”.

Trazer lucro para empresa; 

Me calar frente ao chefe;

Chegar na hora certa;

Menor número de faltas.

 Salário. 

 

Função:  Reforço positivo, ganhar algo que lhe é bom. Receber o salário.

 

Esse foi apenas um caso a ser apresentado, parece ser óbvio, mas não é tão cabível essa explicação a outras pessoas. Existem inúmeras outras consequências que faz alguém se manter no trabalho. Exemplo disso pode ser o reforço social, não necessariamente o salário. Vamos ver juntos:

Estímulo Meu Comportamento Consequência
Meu ambiente de trabalho, com um chefe “chato”.

Dobrar o lucro da empresa; 

Acatar a qualquer mando sem questionar;

Chegar mais cedo do trabalho;

Sair mais tarde do trabalho.

Reconhecimento social, com elogio do chefe e consideração de melhor funcionário do mês. 

 

Função: Reforço positivo social, atenção de alguém que lhe convém.

Em outros casos podemos até nos manter no trabalho porque queremos estar perto dos amigos, assim como o exemplo a seguir:

Estimulo Meu Comportamento Consequência
Meu ambiente de trabalho com meu melhor amigo.

Chegar no horário; 

Acatar os pedidos do chefe “chato”.

 

Estar na presença do melhor amigo. 

 

Reforço positivo social:  Ganhar a atenção do amigo.

Em outros casos também pode-se unir todas essas análises e dizermos que:

Estímulo Meu Comportamento Consequência
Meu ambiente do trabalho com o chefe “chato” e com o “melhor amigo”.

Chegar mais cedo; 

Levar presente ao chefe;

Acatar aos mandos sem questionar.

 

Ganhar o salário; 

Ganhar credibilidade;

E estar na presença do amigo.

Fica claro então que não é ao acaso que eu me comporto e que se pararmos para estudar o comportamento é uma tarefa complexa e delicada, pois para se chegar a essa conclusão é necessário cuidado em seus aspectos gerais.

Agora que já entendemos que o nosso comportamento está sempre sob CONTROLE de uma certa consequência podemos passar para a parte mais complexa que é de arrumar uma forma de amenizar nosso sofrimento diante de alguns controles.

Alguns autores nos ensinam sobre fuga e esquiva, porém não será o foco desse texto, mas sim o próximo. Fiquem atentos!

Vamos falar aqui sobre o “contracontrole” diante de um controle considerado aversivo. Por exemplo, não poder sair do emprego, pois ele gera uma boa consequência, mas mesmo assim ter que aguentar o chefe “chato”, ai nos perguntamos como prosseguir?

A análise do comportamento descobriu que na maioria das vezes que estamos sob controle de um reforço negativo ( retirada de um estímulos ruins), estamos então contracontrolando, ou seja, saindo do controle de algo que nos é considerado como aversivo (ruim). Esse tipo de comportamento emitimos para conseguir fugir de um controle severo. Vamos exemplificar algumas formas de contracontrole.

Exemplo: Carlos (um nome qualquer), ouve xingo de seu chefe todos os dias por volta das 11h da manhã, pois é o horário que seu chefe já está com fome e fica mal-humorado. Carlos passou a colocar algodão no ouvido, o chefe xinga, ele concorda e nada de mal acontece. Isso foi um comportamento bem esperto por enquanto, pois até agora ele conseguiu mesmo diante do chefe ruim, conseguir fugir de seu controle aversivo. Outra situação semelhante é quando você está na academia treinando para um campeonato no próximo final de semana, o professor é carrasco e manda você fazer 150 abdominais, você na hora aceita e conta certo até 30, pois o professor está te olhando. Assim que ele vira o rosto para ver outro aluno, você começa a pular números e faz apenas 80 abdominais, a priori quem te controla acredita estar controlando o exercício, porém o controle dele por ser aversivo você consegue escapar e como ele não vê, ele não te xinga e você escapa das broncas e das punições (reforço negativo).

Essas ações de contracontrole nós praticamos de forma aprendida muitas vezes, foi dando certo e até hoje fazemos e em algumas vezes nem percebemos. A função dela é unicamente nos manter seguros de nos sentirmos bem perante a um chefe chato, professor carrasco e alguns pais que exercem controle aversivo. Falando em pais, para acabar vou ilustrar um exemplo bem peculiar. O último exemplo é do filho que se mostra bom e santo perto dos pais, obedece tudo que a doutrina caseira lhe controla, porém assim que ele sai, ele se comporta de maneira extremamente inadequada.

Por fim, minha dica é bem simples. Em um mundo em que os controles são reforçadores não se precisa de contracontrole, então sejam reforçadores positivos para que ninguém precise te contracontrolar.

 

Fonte: HENRIQUE, L. APRENDENDO A FUGIR DE CONTROLES RUINS: O CONTRACONTROLE. 2016. Disponível em:http://mundodapsi.com/aprendendo-a-fugir-de-controles-ruins-contracontrole/

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